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O resumo da informação é melhor preço pago pelo produto brasileiro no comércio internacional. Em quantidade se vendeu apenas 4,09% a mais, mas em valor subiu 16,87%. Isso porque, o quilo vendido nos quatro primeiros meses de 2025 pegou um valor de mercado 12,21% melhor que o primeiro quadrimestre do ano passado. Os comparativos são em dólar, moeda usada nas exportações brasileiras de tabaco, e de acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC/ComexStat).


US$ 907.623.403,00 (R$ 5 bilhões, 200 milhões e 682 mil - na cotação de hoje) recebidos por 133.484.812 quilos, de janeiro a abril de 2025, representam a média de US$ 6,80 por quilo ou R$ 38,96. No mesmo período do ano passado, primeiro quadrimestre, foram 'apenas' 5 milhões e poucos quilos a menos, mas 'somente' US$ 776.617.321,00 (R$ 4 bilhões, 450 milhões e 17 mil). A média dos 128.237.579 quilos, em 2024, ficou em US$ 6,06 (R$ 34,70).


A China liderou, em ambos os anos nesses período, as compras. Mas em 2025 comprou 4,55 milhões de quilos a menos. Mas, mesmo assim, em valor importou US$ 25,74 milhões a mais por conta de ter pago US$ 1,85 a mais por quilo e fechando o quadrimestre em US$ 324.228.954,00 (R$ 1.857.831.906,42). Os belgas compraram mais, porém com preço mais baixo e menos da metade dos chineses por cada quilo comercializado.


Para a Bélgica o Brasil embarcou 22.897.760 quilos ao valor de US$ 4,70 por quilo e movimentando US$ 107.720.541,00 (R$ 617.238.699,93). Ou seja, menos de 1/3 das cifras finais negociada com a China e valor por quilo menos da metade do pago pelos chineses. Em 2024, nesse mesmo período, de janeiro a abril, os belgas haviam pago US$ 5,10 e os asiáticos US$ 7,87. Dados demonstrativos para entender mais a fundo o cenário atual.


Na terceira posição dos importadores aparece os Estados Unidos da América (EUA) com 9.935.459 quilos e preço unitário de US$ 7,13. Valor por quilo melhor dos US$ 5,00 para o mesmo período de 2024 quando comprou quase 12 milhões de quilos. Depois a Indonésia que quase dobrou a compra no primeiro quadrimestre desse ano se comparado ao quantitativo importado de janeiro a abril de 2024.


O quinto país na lista é Emirados Árabes Unidos com pouco mais de 6 milhões de quilos, muito próximo do comprado em 2024, mas com preço por quilo saindo de US$ 4,80 para 6,31. No comparativo do preço médio final em dólar, pago por quilo, é o melhor dos últimos 20 anos. Em volume, o recorde para o primeiro quadrimestre, ocorreu em 2022 quando superou os 200 milhões de quilos. Enquanto em 2017, da janeiro a abril, o comércio ficou na casa de 75 milhões de quilos.


Com informação do SindiTabaco e ComexStat. Imagem SindiTabaco.

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Desde 2013, o Brasil exportou apenas no ano 2022 mais tabaco que a média dos últimos 20 anos. Os 584.861.159 quilos vendidos para o exterior três anos atrás superam os 554.134.475 da média de 2005 até 2024. Nos últimos dois anos as vendas para o exterior somadas foram de 141.398.984 quilos inferiores aos quantitativos médios das últimas duas décadas. Isso explica, de certa forma, a melhor valorização ao produtor.


Nesse comparativo, os anos de 2012 e 2013 representaram vendas bem superiores, 637.593.057 e 626.876.030 quilos, respectivamente. Seguido de 2014 com quebra de produção, vindo a 476.021.246 quilos. Nesses três anos o preço veio subindo, US$ 5,11; 5,22 e 5,25. Os sete períodos seguintes mostram queda, baixando para US$ 4,23 em 2015. Depois breve melhora e nova queda para o valor de apenas US$ 3,15 por quilo em 2021.


O preço médio em dólar, nos últimos 20 anos, é de US$ 4,33. Contudo, com oscilações e mais que dobrando dos US$ 2,71 passando aos US$ 6,54. Ao cair em vendas, dos mais de 674 mil toneladas em 2009 para menos de 506 mil no ano seguinte, o valor por quilo saiu de US$ 4,51 para US$ 5,46. Tendo um cenário de oscilações na sequência por cinco anos e seguido por redução de valores nos sete anos sequenciais, de 2015 a 2021.


Nesse ano, inclusive, ficou em US$ 3,15, ou seja, menor de 2007 quando esteve em US$ 3,19, valor esse novamente atingido em 2020. Mesmo sendo, em 2021, um valor por quilo maior que o mínimo de US$ 2,71 registrado em 2005, a exportação total gerou 'apenas' US$ 1.464.175.784,00. Menor total final em 20 anos. Ao passo que, em 2024, o preço mais que dobrou, chegando em US$ 6,54 por quilo de média e quase US$ 3 bilhões.


Por sinal, o recorde de movimentação em dinheiro está numa safra bem maior que a média, 626.876.030 quilos em 2013 com média de US$ 5,22 por quilo e valor final de US$ 3.271.073.137,00. Superando justamente o ano anterior em que se exportou mais, 637.593.057 quilos por US$ 5,11 e totalizando US$ 3.256.070.238,00. Uma terceira vez em que houve a quebra da barreira dos US$ 3 bilhões aconteceu em 2009: US$ 3,046 bilhões.


O recorde de 2007 em exportação, 709.738.006 quilos é 28,08% maior que a média dos últimos 20 anos. Seguido de 2008 com 690.939.333 e 2009 com 674.709.490 quilos, como os três períodos de maior comércio do tabaco global a partir do Brasil. Depois vieram dois anos seguidos de queda nas vendas: 505.620.066 e 545.266.506 quilos, e com melhoria de preço em dólar, curiosamente nesse comparativo.


É bem curiosa a relação de maior quantidade, menor preço, lei da oferta e da procura ao longo desse período. Mas há intervalos, de 2014 a 2021 em que a exportação foi abaixo da média, mas os valores não agradaram. Justamente numa época de situação global menos favorável, pandemia de covid-19 e maior produção em outros países. Essa análise toda é com base na Comex Stat, estatística oficial brasileira de exportações e importações.


Com informações da Comex Star e imagem arquivo/Afubra.

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A Associação dos Municípios Produtores de Tabaco (Amprotabaco) existe desde 2013 e tem, conforme a própria, o "papel de defender os interesses dos municípios produtores de tabaco em níveis estaduais e federais, consolidando-se como uma entidade fundamental para promover a importância econômica e social do tabaco em todo o Brasil". Sua sede fica em Santa Cruz do Sul (RS) e tem na direção executiva prefeitos dos três estados sulistas.

 

Outra entidade representativa é a Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra). Com seus 70 anos de história e surgimento justamente num momento de “forte crise e eventos climáticos abateram o setor e trouxeram instabilidade à produção e aos preços do tabaco”. Com produção de variedades não aceitas no mercado se aumentou os estoques e vendas e pagamentos estavam complicados. Outro ponto foi o auxílio econômico para danos causados por granizo nas lavouras.

 

Diante de ambas, o questionamento da reportagem sobre a aplicação da Lei Estadual gaúcha nº 15.958/2023, impedida de ser colocada em prática na safra passada por conta de Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) movida pelo do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). O Tribunal de Justiça (TJ) do Rio Grande do Sul julgou improcedente o pedido em agosto de 2024 e isso possibilitou a implementação do novo sistema de compra, a partir do galpão.

 

O artigo 1º cita justamente essa obrigatoriedade no estado de “classificar na propriedade”. Na ausência de um acordo, um terceiro envolvido pode arbitrar o consenso. O presidente da Amprotabaco e prefeito de Vera Cruz, Gilson Becker, menciona que "não se tem ainda uma definição, uma conclusão do formato de funcionamento" desse sistema. Enquanto, a Afubra defendeu até judicialmente a proposta, em ação do SindiTabaco, e avalia como possível e viável.

 

O presidente da Afubra, Marcilio Laurindo Drescher, não entende haver risco de ruptura do sistema integrado, conforme alega o SindiTabaco. "Se tornará uma segurança maior para o produtor de tabaco e nosso associado", observa. Apenas necessárias adequações e diálogo para sanar falhas e deficiências. Gilson Becker cita a própria regulação de mercado, oferta e procura, como responsável por um preço melhor ou pior, dependendo da quantidade produzida.

 

A compra na propriedade facilita ao produtor, pelo fato de não tendo acerto de classe evitar de trazer o tabaco de volta para a propriedade. Contudo, para a Amprotabaco, preocupa a funcionalidade por esse processo de compra ser mais demorado na propriedade. Mas, é uma medida importante, de acordo com a Afubra, por evitar o deslocamento do fumicultor até a empresa. Tendo a segurança de saber o preço médio ao ter o tabaco classificado na propriedade.

 

Becker ressalta o fato da legislação apontar presença de um fiscal acompanhando a comercialização nas esteiras. Para classificar na propriedade, o número deles precisa ser maior. Também dos classificadores das empresas. Drescher aponta a necessidade dessa adaptação, mais funcionários, e propriedades também com estrutura adequada. Contudo, possível de serem superadas e o foco “é o benefício aos produtores”. A lei gaúcha existe. Paraná e Santa Catarina discutem a proposta.

 

Fato citado pelo presidente da Amprotabaco é que o aumento de área plantada, e a classificação para a classe e fardo a fardo, "exige uma estrutura maior". Ou seja, pode realmente aumentar o custo para as empresas e isso ser repassado ao produtor. Mas sem isso interferir no sistema integrado, protegido por contrato. Ambas as entidades avaliam ser importante uma análise ampla, até por grupo de trabalho, e aprimoramento. Até da lei, caso necessário para evitar prejuízos.


Com informações da Amprotabaco e Afubra, imagens arquivo Afubra e Gilson Becker/redes sociais.

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