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"O setor produtivo tem sido alvo de difamações baseadas em suposições que não condizem com a realidade", aponta o relatório institucional do Sindicato Interestadual da Indústria do Tabaco (SindiTabaco). A edição de 2025 com o título ‘Tabaco – Olhar para o futuro’, conforme a entidade, "já indica a disposição de se reinventar", seguir firme e com a disposição de manter a importância no "agro brasileiro, especialmente no Sul do Brasil".


Um dos pontos de atenção do SindiTabaco em 2024, de acordo com o relatório, foi reforçar ações para fortalecer o Sistema Integrado de Produção do Tabaco (SIPT), existente há mais de um século, visando cumprir a legislação e ter "olhar atento para a produção sustentável, inovação e qualidade e integridade do produto". Inclusive, recentemente, o Sindicato demonstrou preocupação com a legislação sobre compra na propriedade.


Números da produção e das exportações, os mercados e os principais programas desenvolvidos pelo setor estão no relatório sobre o ano de 2024. Bem como, os impactos socioeconômicos e iniciativas "visando o futuro do setor". Boas práticas, programas sociais e ambientais no trabalho para impulsionar a sustentabilidade. Ou seja, um diagnóstico detalhado sobre todos esses aspectos.


O Brasil se mantém como maior exportador mundial de tabaco por mais de 30 anos, "condição que é garantida pela estabilidade no volume aliada à garantia aos clientes de um produto com qualidade e integridade. Os volumes embarcados ao longo dos anos seguem uma média histórica ao redor das 500 mil toneladas e, na última década, o montante médio exportado girou ao redor de US$ 2 bilhões em divisas", frisa o documento.


A publicação oferece informações sobre alguns aspectos "divulgados como verdades, mas que têm base apenas ideológica". A cadeia produtiva sofre "difamações baseadas em suposições que não condizem com a realidade". Para isso, uma das ações de comunicação do ano passado foi a divulgação de um paper ‘Assunto controverso, contraponto necessário’, mostrando a realidade sobre questões sociais e ambientais.


A produção e renda em pequenas propriedades sustentou na safra de 2023/2024 ao menos 133 mil famílias nos três estados do Sul. Mesmo o sistema integrado sendo questionado, existe a prerrogativa de cumprimento de contrato, se seguido pelo produtor os critérios estabelecidos. Existe o questionamento sobre a classificação da empresa, e preço oferecido, mas o fumicultor tem segurança de entregar sua produção.


Com informações e imagem/reprodução SindiTabaco.

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Ao vender sua produção o fumicultor tem a expectativa de uma boa classificação e pagamento por quilograma (Kg) comercializado superando a faixa de *R$ 20,00 ou até um BO1 a R$ 23,36, somando de complemento podendo passar de R$ 24,00. Contudo, os valores pagos por produtos importados com origem no tabaco ou de tabaco, podem custar 100 vezes mais. Caso do charuto cubano.


A grande maioria das pessoas sabe do potencial de exportação existente no tabaco. O Brasil lidera esse ranking e comercializa com muitos países ano após ano, tendo na Europa e China, também Estados Unidos da América, Oriente Médio e África grandes mercados para vender a safra colhida especialmente nos três estados do Sul brasileiro. Mas, no contra-ponto, o país também compra fumo e subprodutos.


Os dados da Comex Stat, sistema do Governo Federal de estatísticas oficiais de tudo exportado ou importado pelo Brasil, permite observar quanto e o que os brasileiros compram de outros países. Neste ano de 2025 - de janeiro a março, por exemplo, importadores do país pagaram R$ 3.315.955,61 por 1.303 Kg de charuto cubano (charutos, cigarrilhas e cigarros, de tabaco ou dos seus sucedâneos - na nomenclatura oficial).


Ou seja, cada Kg de charuto cubano entrou no Brasil por R$ 2.544,86. O produto é o mais caro comprado a partir de tabaco ou subprodutos. Supera até extratos ou reconstituições industriais tendo o fumo na sua composição. Esses chegam a custar também mais de R$ 1.000,00 por Kg. Mas o fumo, sem processamento, pode ser comprado de outros países por pouco mais de R$ 5,00 o Kg, ou até menos de R$ 2,00.


Em quantidade, a maior parte comprada de outros países é de "tabaco não manufaturado; desperdícios de tabaco", ou seja, folhas em estado bruto (não processadas) e resíduos da sua produção, como pontas de folhas e caules. Isso é classificado no código NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul). A Argentina lidera esse ranking com 1.888.432 Kg vendidos para o Brasil por R$ 17,58.


Zimbábue vendeu 854.600 Kg, Tanzânia 485.200, Índia 484.344 e Paraguai outros 475.474 Kg. Curiosamente, para os dois países africanos se pagou R$ 5,63 e R$ 8,03, por Kg, respectivamente . Para os indianos R$ 28,41 e paraguaios R$ 8,51. Mas, olhando todos os dados, na importação da Sérvia o custo ficou em R$ 1,72 por Kg (14.187 Kg totais). Também, importadores brasileiros pagaram R$ 1,84 por cada um dos 287.515 comprados dos Emirados Árabes Unidos.


Na média total, os 6.772.787 Kg importados de tabaco e subprodutos entraram no Brasil ao preço médio de R$ 21,56 em 2025. Em 2024, o Brasil importou o quantitativo de 31.703.237 Kg com média de R$ 20,67. Valor menor que os R$ 22,61 de 2023 por quantidade total de 19.358.229 Kg. A importação aumento de a partir de 2022, quando superou 18 mil toneladas. De 2018 a 2021 oscilou na casa de 10 para 11 mil toneladas, também com preço maior, foi R$ 24,72 em 2020, mas atingiu R$ 29,74 em 2018.


Com informações da Comex Stat e usado valor em real a partir do oficial em dólar - *US$ 1,00 = R$ 5,69 - cotação de 06/05/2025. E imagem banco de imagens/SindiTabaco.



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O equilíbrio comercial é ditado por conta de produzir basicamente aquilo que se vende. No caso do fumo, em que o Brasil é o grande exportador mundial, precisa cumprir contratos internacionais feitos bem antes das entregas. Pelo menos essa é a formatação para entender como funciona a regulação de preço. Havendo muita oferta, maior da necessidade de compra, tende em ser oferecido um preço mais baixo.


O fator positivo da safra 2023/2024, na questão de preços, foi justamente a produção ter recuado 16,1%, na média, até pelas condições climáticas desfavoráveis. Isso, conforme dados oficiais da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra), melhorou o preço por quilo em 28% se comparado ao período anterior. E a receita bruta dos produtores no total atingiu R$ 11,783 bilhões e representou um acréscimo de 7,3% ao valor praticado um ano antes.

 

O aumento do número de famílias produtoras e área plantada na safra 2024/2025 traz preocupação econômica. Maior oferta tem como consequência menor remuneração ao produtor, nesse entendimento da Afubra. Até porque o bom valor pago no período anterior atraiu os produtores. Caso de outras comodities agrícolas estarem com altos estoques e preços menos atrativos potencializam a ampliação de lavouras de tabaco no Brasil.

 

O tabaco exerce papel de sustentação para pequenas propriedades rurais familiares. Dentre elas, a maior parte da renda, 56,3%, tem origem na fumicultura para áreas médias menores de três hectares por produtor. Foram em torno de 9% a mais de área plantada na atual safra, segundo estimativa divulgada em novembro de 2024, chegando a 309.982 hectares destinados à cultura nos três estados da região (131.789 no Rio Grande do Sul, 94.212 mil em Santa Catarina e 83.981 no Paraná).

 

Essa mesma estimava previu uma produtividade média em torno de 2,2 mil quilos por hectare na região Sul, sendo 25,67% maior safra anterior. Se isso se comprovar, o volume final pode chegar a 696,4 mil toneladas (mais 37,8%, com o acréscimo de área). Em janeiro de 2025, essa projeção até foi reduzida, mas mesmo assim a safra deve colocar boa oferta de fumo no mercado e, isso, explica o indicativo de preço final menor do período 2023/2024.


Mesmo levando em conta a previsão de crescimento de 10% a 15% no volume exportado para 2025 e valor médio por quilo tendo subido 14,84% no 1º trimestre de 2025, comparado com mesmo período do ano passado, ou média de US$ 6,54, nos três primeiros meses com valor de exportação 8,87% acima, o cenário econômico ainda traz incertezas para o fechamento da safra. Disso a dúvida de quem tem tabaco para vender se aceita o preço ou espera por melhor valorização.


Com informações da Afubra e SindiTabaco e imagem reprodução arquivo/SindiTabaco.

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